domingo, 29 de outubro de 2017



                       PRODUÇÃO DE VÍDEO COM TEATRINHO DE VARETAS




                                         CONSTRUÇÃO DE DESENHO PARA TEATRINH



https://www.youtube.com/watch?v=dcoAsOsg2sM&feature=youtu.be


Vídeo do teatrinho de varetas






domingo, 22 de outubro de 2017

Deficiência, Incapacidade e Desvantagem




                                              Crocodilos e Avestruzes






DeficiênciaIncapacidade e Desvantagem

A reflexão que faço após ter conhecimento das leituras e dos vídeos, lembrando também da aula que nos foi dada e dos comentários feitos pelos colegas, estou a descobrir que o que penso devo executar. Digo isso, pois em um dia qualquer que eu e minha turma estávamos na pracinha, de longe eu vi um menino do 4º ano que tem deficiência intelectual e física sentado no chão, muito longe de sua turma, e isso não me saiu da cabeça. Eu deveria ter saído de onde eu estava e ter e ido em busca da professora do aluno, sabe-se lá onde estava, nem eu a vi, nem os alunos. Mas lembrei que não poderia me afastar de meus alunos para resolver a questão. Já interferi algumas vezes em situações que foram nada confortáveis, mas desta vez iria apenas observar. Foi o que fiz, cuidei de minha turma, mas de olho no menino lá sentado... Estava excluído, sendo o crocodilo (agora sei a definição), logo em seguida perguntei através da cerca se ele ficaria ali, pois ele podia andar, mas desajeitado, não usava mais a cadeira de rodas que é outra história... Em seguida veio um colega e o levou para junto da turma. Fiquei aliviada. Devem ter me visto ( me metendo).

O texto crocodilos e avestruzes me vi em uma situação semelhante no qual citada por Gilberto Velho (1989) no qual patologisação do desvio (moeda corrente em nossa cultura) sendo uma grande armadilha que aprisiona aqueles que se colocam ou são colocados no desvio, que por suas características, quer por se comportar.  Digo isso em virtude de um de meus alunos que tem dificuldade na fala é acompanhado pelo CRAS e que este órgão pediu que eu enviasse um parecer descritivo para ele não perder o atendimento no posto. Escrevi que o menino realiza continhas simples de adição e subtração, sem dificuldade, reconhecia e identificava as letras do alfabeto fora da seqüência, conhecia as vogais. Era bastante agitado, mas ele entende os diálogos que temos, não possui deficiência mental e as pessoas o tratam como se a tivesse. Ele tem problema na fala. Deve ter uma surdez leve, pois quando o chamo ele me ouve.

Outro fato que aconteceu comigo, até me identifico como o avestruz, pois ao ficar sem ação, vendo agora o meu próprio preconceito que tive no inicio do ano com um rapaz com uma aparência feia, vi que me encaixei no mecanismo de defesa, o avestruz. Com o tempo, fui percebendo que aquele rapaz existe e eu sendo uma professora não poderia admitir que este preconceito tomasse parte de minha vida. Eu devia lutar contra este sentimento tão ruim. Foi então em uma apresentação de sua turma que meus olhos e ouvidos ouviram e viram um ser tão magnífico e existe. Aquele aluno tão feio ficou tão bonito, que minha existência se despiu da ignorância e pude vê-lo.  A cada semestre, me surpreendo com tantas coisas que não sei e aprendo.

Tratar com respeito a todos, sem ser avestruz, se esconder ou vestir uma roupagem, tratar com igualdade, apresentar seus direitos e assim propagar um ambiente acolhedor e de paz, enxergar as pessoas como elas são.

O racismo




 FRAGMENTO DE ARTIGO  ( leia na integra no link abaixo)


Cento e vinte e nove anos depois da abolição da escravidão, e a despeito do mito da democracia racial, o preconceito de raça continua bastante disseminado na sociedade brasileira – tão disseminado que se manifesta até mesmo no interior de “famílias inter-raciais”. Esta foi a conclusão de uma pesquisa realizada pela psicóloga social Lia Vainer Schucman.
O estudo foi tema de pós-doutorado realizado na USP com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com colaboração de Felipe Fachim e supervisão de Belinda Mandelbaum, coordenadora do Laboratório de Estudos da Família do Instituto de Psicologia (IP) da USP.
“Nosso objetivo foi verificar se e como as hierarquias raciais da sociedade se reproduzem no interior de famílias cujos integrantes se autoclassificam diferentemente em relação à ‘raça’: como ‘brancos’, ‘negros’ ou ‘mestiços’. E como essas hierarquias coexistem e interagem com os afetos”, disse Lia Schucman à Agência Fapesp.
Além de esgotar a literatura especializada, a pesquisa, que se estendeu por três anos, valeu-se de entrevistas presenciais com 13 famílias de diferentes regiões do País. Os resultados foram reunidos no livro Famílias Inter-raciais: tensões entre cor e amor, com lançamento previsto para 2017.
“O tema configurou-se a partir de minha interação com pessoas dessas famílias – pessoas que, por assim dizer, vivenciavam as ‘contradições raciais’ em suas próprias peles. Isso aconteceu no final da minha pesquisa de doutorado, que tratou da questão da ‘branquitude’ (leia a respeito dessa pesquisa anterior neste link). Nessa época, em função do estudo que estava realizando, comecei a ser bastante convidada para dar palestras. E, frequentemente, depois das palestras, pessoas se aproximavam para contar casos de sofrimento decorrentes do racismo em suas próprias famílias. Isso ocorreu muitas e muitas vezes. A partir dessas conversas, percebi que as famílias poderiam ser uma chave para entender as relações ‘inter-raciais’ no contexto maior da sociedade”, disse a pesquisadora.
Lia partiu do pressuposto de que “raça” não é um dado biológico, mas uma construção social. Trata-se, segundo ela, de uma construção, baseada no fenótipo, que engendra e mantém profundas desigualdades materiais e simbólicas na sociedade, e impacta o cotidiano de milhões de pessoas.
“Se a existência de ‘raças humanas’ não encontra qualquer comprovação no âmbito das ciências biológicas, elas são, contudo, plenamente existentes no mundo social, como afirmou o sociólogo Antonio Sérgio Alfredo Guimarães”, disse Lia. Com base nesse critério, ela selecionou, para o estudo, famílias nas quais pelo menos um dos integrantes reconhecia que o grupo familiar era composto de pessoas de diferentes raças.