O olhar, o ver e o cartografar

Morro do Chapéu, visto de nossa escola
O olhar,
o ver e o cartografar
Realizamos no inicio do
curso, Seminário Integrador, “Retratos da escola”. Lembro-me da professora noz
dizendo que faríamos conexões com esse trabalho ao longo do curso. A proposta
de ver e olhar a escola, em diferentes aspectos de observar e de descrever. O texto, Observação,
registro e reflexão, de Madalena Freire, nos mostram que ao observar nos propõe
duas concepções, ver e olhar. Em sala de aula, temos muitos objetos de estudo,
pessoas, ambientes, situações. Ouvir, olhar, ver, observar e escutar faz parte
da construção de todo o trabalho a ser desenvolvido para uma análise maior. Um
estudo de caso, por exemplo, reunimos todas as informações necessárias para buscar
recursos e futuras intervenções. Já no texto, O
funcionamento da atenção no trabalho do cartógrafo de Virgínia Kastrup, é
semelhante. Apesar de lidar com a observação, descrição, a reflexão é sobre a
análise do objeto e a função que acontece com as reflexões do objeto
cartografado.Pois ela nos explica
sobre quatro variedades da atenção do cartógrafo, o rastreio, o toque, o pouso
e o reconhecimento atento.
Foi pedido para que nós fizéssemos um trabalho fotografássemos
e utilizássemos o aplicativo Evernote para gravar em áudio nossas observações
através da cartografia. Foi interessante, pois em vários momentos, parei para “ver”
e descrever a minha intenção. Também fui traída por uma imagem do Morro do
Chapéu ( podemos enxergar de longe) quando estava descrevendo a paisagem, vi
que a imagem que eu tinha na memória, havia sido tomada por outra imagem do
morro , agora um pouco menor aos meus olhos. Não foi a mesma que observei há
anos.
Bergson
(1897/1990a) afirma que sempre que o equilíbrio sensório-motor é perturbado, há
uma exaltação da memória involuntária. Constantemente inibida pela consciência
prática e útil do momento presente, isto é, pelo equilíbrio sensório-motor,
essa memória aguarda simplesmente que uma fissura se manifeste entre a
impressão atual e o movimento concomitante para fazer passar suas imagens. O
interessante é que o conceito de reconhecimento atento desmonta a noção
tradicional de reconhecimento, pautada na idéia do rebatimento da percepção
numa imagem prévia ou esquema correspondente. A originalidade da análise
bergsoniana é apontar que o processo de reconhecimento não se dá de forma
linear, como um trajeto único ou uma marcha em linha reta. Não se faz através
do encadeamento de percepções ou de associação cumulativa de idéias. O
reconhecimento atento ocorre na forma de circuitos.
Ao realizar essas
práticas de cartografar a escola, sugeri as crianças que também o fizessem,
analisando as filmagens, pude perceber várias passagens no texto tomando forma
através dos relatos e das imagens capturadas.
FREIRE, Madalena. Educando o olhar da observação -
Aprendizagem do olhar. In FREIRE, Madalena. Observação,
registro e reflexão. Instrumentos Metodológicos I. 2ª ED. São Paulo
: Espaço Pedagógico, 1996.
Kastrup, V. O funcionamento da atenção no trabalho do
cartógrafo. Psicologia & Sociedade, 19(1), 15-22, 2007.
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